HILAL SAMI HILAL: TERRITÓRIO DO POSSÍVEL
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de segunda a sexta,das 10h30 às 19h e sábado das 11h às 16h
Hilal Sami Hilal segue extraindo de sua origem uma poética singular. Em um momento em que se acentuam os conflitos no Oriente Médio, o artista capixaba, descendente de imigrantes sírios, revela delicado e pacífico território. Paz que ele resgata dos gestos ancestrais de povos reconhecidos pela arte do fazer minucioso e paciente, de repetições perdidas em devaneios sem a ameaça ansiosa do tempo.
Os novos trabalhos que o artista apresenta na Marília Razuk são construídos através da descoberta pela experiência e pela observação, ora por meio do papel artesanal, ora do cobre. Este princípio empírico é ao mesmo tempo acompanhado por questões esquemáticas, desenhos e dizeres que o artista insere em sua alquimia de materiais. São cerca de 35 obras: 4 livros, 11 placas de cobre e 20 papéis.
Segundo Hilal, o exílio voluntário pertence desde sempre ao seu trabalho. Como o artista cresceu em uma casa de imigrantes, a ausência, a perda e a falta de um lugar são sentimentos enraizados, expressos em uma obra na qual o vazio é também construção. Questões, como continentes e pontos cardeais, e mesmo cósmicas sublinham a concepção de sua cartografia particular na busca de um território.
Na nova série em papel – material que o levou ao Japão na década de 80 para intensificar a sua pesquisa –, Hilal faz interferências sutis sobre uma matriz em parafina para, em seguida, jogar a massa de papel, sistema que conversa com a gravura, suporte, ao lado do desenho, seminal em sua obra, nos anos 70.
Já as chapas de cobre – material em que o artista a partir de 2000 começa a produzir o seu reconhecido rendilhado, surgido do cruzamento da tradição moderna ocidental e da antiga arte islâmica – sofrem intervenções químicas, com ácidos, sal, vinagre, de onde, além das formas e texturas, brotam as cores, como um raro azul turquesa, tudo regido e decidido pelas mãos do artista. “... como uma mão conduzida pela memória, ou memória e sonho, como em estado de vigília...”, assinala Aracy Amaral em seu texto sobre o artista (Margem Paragem Paisagem Miragem, abril de 2010).
Hilal Sami Hilal (1952, Vitória, ES) iniciou-se, nos anos 1970, no desenho e aquarela para depois decidir se aprofundar em técnicas japonesas de confecção do papel. Suas “rendas”, primeiramente confeccionadas com material exclusivo, criado com celulose retirada de trapos de algodão e misturada com pigmentos, resina e pó de ferro e de alumínio, e mais tarde em cobre, colocadas a curta distância da parede, beneficia-se das sombras projetadas, criando um rendilhado virtual. O artista esteve no Panorama da Arte Brasileira, MAM/SP, em 1998. Em 2007/2008 uma grande mostra de sua obra foi exposta no Museu da Vale, Vitória, Espírito Santo, com curadoria de Paulo Herkenhoff. Em 2010 apresentou a individual Atlas, no Museu Lasar Segall, em São Paulo.