AMILCAR DE CASTRO
Abertura para convidados: 19 de março, sábado, 11h - 17h
Horário de funcionamento:
Segunda a sexta-feira, das 10h30 às 19h/ Sábado, das 12h às 17h.
A Galeria Marília Razuk apresenta exposição individual do artista Amilcar de Castro (Paraisópolis, MG, 1920 – Belo Horizonte, MG, 2002), de 19 de março 30 de abril de 2016. Com curadoria de Rodrigo de Castro, a mostra reúne uma seleção de aproximadamente 20 obras, entre esculturas em aço cortén, desenhos em acrílica sobre tela e sobre papel. Datadas das décadas de 1970 e 1980, essas obras foram selecionadas, segundo o curador, “pela pouca visibilidade expositiva que tiveram na trajetória do artista”.
Amilcar de Castro - Transparências
Rodrigo de Castro - curador, março/ 2016
Matéria: o aço. Movimentos: o corte e a dobra. E assim, com movimentos simples executados sobre a chapa de aço, o artista criou uma inusitada maneira de pensar e fazer escultura. À matéria nada é acrescentado ou retirado. E a chapa, inerte e indiferente ao mundo, surge no espaço em 3º dimensão deixando para trás o aço plano para se transformar em escultura. O corte define a estrutura mas é a dobra que cria a peça e abre os espaços vazios que serão preenchidos pela luz.
Amilcar dominou o aço com sabedoria e sensibilidade criando ao longo de sua trajetória uma obra vigorosa, intensa e além do tempo. Além desse tempo não por ser hoje incompreendida, mas porque o passar do tempo sempre revela a força da história e Amilcar de Castro é um daqueles que permanecerão para sempre na História da Arte.
Sempre pensando em outras possibilidades, Amilcar explorou diversos materiais: madeira,granito, mármore, aço inoxidável e vidro. E a matéria inflexível à dobra, fez com que pensasse nas esculturas de corte e deslocamento. Os cortes criam as linhas da estrutura da obra e, no lugar da dobra, o deslocamento dos blocos abre o espaço para a luz.
Um capítulo a parte, muito a parte, são as esculturas em vidro. As “colunas de vidro”, como as chamava. O processo de criação do artista sempre se iniciava com o desenho. E a importância da linha em sua obra é marcante. E vem de longe, do tempo que estudava com Guignard (Alberto da Veiga Guignard - 1896 - 1962) , quando desenvolveu o talento que tinha para o desenho e nunca mais o abandonou. As esculturas tinham então um processo de feitura onde os estudos eram desenhados em cartolina, cortados e dobrados para que fosse possível a visualização no espaço. Esses desenhos eram realizados com a visão do plano, sem a perspectiva da profundidade e o cortar e o dobrar do papel realizavam a peça em estudo.
As “colunas de vidro” , feitas de lâminas de vidro encaixadas em uma base de madeira,nascem de um processo de feitura diferente. O artista não tem como visualizar a obra através de um desenho plano e nem era esse o seu foco. O que buscava era a harmonia das linhas do desenho da base da escultura. Desenhava as linhas de encaixe das lâminas na base. E a qualidade do desenho determinava a feitura ou não da peça.
Os desenhos são, eles próprios, admiráveis. A geometria muito particular do artista,“encontrava” linhas “escondidas” entre um universo de circunferências. Eleitas com o traço forte no papel. Harmonia e força, ritmo e sensibilidade, equilíbrio e criatividade. Desenhos de Amilcar.
Pronta a peça, as lâminas de vidro encaixadas na base, perdemos a origem da obra. Os desenhos não estão mais ali presentes. E o que vemos é surpreendente.Transparências sutis desenham com a luz linhas e profundidades que se modificam com a direção o olhar. A base de madeira é forte e irregular. Unindo e segurando as transparências que parecem flutuar.
A criatividade vigorosa de Amilcar de Castro, do corte e dobra do aço às transparências do vidro, não é de forma alguma colocada aleatoriamente no tempo. Ao contrário, Amilcar criou uma linguagem e com ela desenvolveu sua arte ao longo da vida. E dizia que “vida e arte são a mesma coisa. Não existe uma sem a outra...”