DEBORA BOLSONI: DENTRO FORA

27 Março - 30 Abril 2014
Apresentação
Abertura: 

27 DE MARÇO ÀS 19:00HS

 

Horário de funcionamento: 

segunda a sexta-feira, das 10h30 às 19h/ sábado das 12h às 17h

Dentro Fora é uma exposição que reúne um conjunto deesculturas, desenhos e um objeto fotográfico produzidos entre 2012 e 2014 por Débora Bolsoni (Rio de Janeiro, 1975). O título da exposição refere-se a ideia de um espaço não fechado, uma zona inter-cambiante de projeção de uma "interioridade explodida" que se transforma em espacialidade.

 

Para a ocupação projetada para a Galeria Marília Razuk, Débora Bolsoni instalou diversos objetos que variam continuamente em sua escala e materialidade.

Realizadas em ferro, areia de fundição, alumínio, azulejos, madeira, nylon, borracha, isopor e tecidos, as esculturas e objetos de parede formam um conjunto diversificado de soluções construtivas e ocupações espaciais característicos da produção da artista. São objetos que revelam encontros inusitados entre diversos materiais, que “entram em acordos provisórios em prol de uma leve geometria”.

 

O primeiro trabalho que encontramos à entrada da exposição fica instalado num dos degraus da escada de acesso à galeria. Trata-se de uma “mini fachada” – uma estrutura de borracha apoiada sobre uma pequena mesa, que a artista associa ao seu repertório da chamada“arquitetura vernacular” – formas de construção popular que vão se instituindo e se disseminando como modelos construtivos ao longo do tempo, na cultura e paisagem urbanas. Este trabalho oferece uma abertura para o primeiro conjunto de esculturas e objetos localizado na sala que a artista denomina de “sala das maquetes”. São peças que, numa escala imaginária,referem-se a objetos com outras dimensões (um edifício, as fundações de um imóvel, um monumento).

 

Numa segunda sala vemos um objeto central em forma de uma poltrona, construído com blocos de feltro recheados de areia e voltado para uma parede com uma série de desenhos intitulados  “Sinédoques do Tindiba.” Sobre essa poltrona encontra-se uma desempenadeira de parede feita de madeira que sugere uma latência performativa (ela contém em si o potencial de um gesto normalmente realizado com a empunhadura deste objeto).

 

A série de desenhos “Sinédoques do Tindiba” reúne vários blocos de desenhos apresentados no formato de uma estante de leitura. São anotações e reflexões, desenhos de uma escultora sobre o universo de objetos com os quais ela se relaciona e que projeta como intervenções no mundo. Mãos, dorsos e pernas são índices presentes nesta série que aludem a uma experiência onde corpo,paisagem, arquitetura e cultura se misturam.

 

Numa das paredes desta segunda sala, está um objeto fotográfico intitulado“Largo de dentro”. Trata-se de um backlight modificado feito a partir do registro de uma instalação num espaço que é a um só tempo a fachada e o interior de uma casa (mais uma vez a noção de ambiente interior e exterior se confundem).

 

Ainda nesta sala há outra escultura intitulada Tadzio, feita em areia e que faz alusão à passagem do tempo que contemplamos numa praia.Trata-se de um pequeno balde de areia emborcado em uma estrutura de ferro que o suporta em condição de equilíbrio. Seu título se refere ao jovem Tadzio,personagem do romance Morte em Veneza de Thomas Mann, cuja caracterização no filme de Luccino Viscontti aparece vestido com uma roupa de banho listrada.

 

Várias peças dessa exposição remetem ao universo objetual do mobiliário doméstico, como a estante,a poltrona, o abajur, a mesa e a gaiola. Por outro lado a “experiência da paisagem” ou “natureza” é evocada. Seja pela presença da areia que espelha a noção de um universo formado por “chuva de átomos”- onde não existe uma forma fixa, estável. Seja pela remissão ao tempo que decorre quando observado numa praia. Quando o subjetivo se vê imerso numa escala de tempo que transcende à sua própria vida.

 

Esta exposição também corresponde a um dos momentos da pesquisa que Débora Bolsoni concluiu este ano ao apresentar o seu mestrado pelo programa de pós-graduação em artes visuais daUSP, materializado na forma de um livro.

Intitulado Urbanismo geral o trabalho reúne uma coletânea de textos, registros de obras e interlocuções que a artista mantém com seu universo de referencias. O repertório de trabalho de Débora Bolsoni está em grande parte relacionado no universo dos materiais, equipamentos e soluções construtivas encontrados na chamada construção civil. Nessa pesquisa a artista também propõem a visão de que a paisagem e as transformações urbanas são determinantes para a formação do nosso olhar e o quanto elas são formadoras de subjetividades.

 

Debora Bolsoni

Nasceu no Rio de Janeiro, RJ, 1975. Vive e trabalha em São Paulo

Formada em artes plásticas pela ECA-USP. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio de Janeiro e desenho na Saint Martin School of Art em Londres. Foi artista residente do Centro de Cultura  Remisen-Brande, Dinamarca; do Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte; e do MAMAM no Pátio em Recife. Dentre as exposições mais recentes que participou, destacam-se a mostra "A Contemplação do Mundo- Mostra Paralela" Curadoria de Paulo Reis (São Paulo 2010); “Absurdo” com curadoria de Laura Lima para a 7ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2009); “De Perto, De Longe – Mostra Paralela” Curadoria de Rodrigo Moura (São Paulo, 2008); “Quase Liquido” Curadoria de Cauê Alves (São Paulo, 2008); “Cover – Reencenação + Repetição” Curadoria de Fernando Oliva (São Paulo, 2008) e “Contraditório – Panorama da Arte Brasileira” com curadoria de Moacir dos Anjos (2007).

Vistas
Obras